Educação

UFPel realiza processo seletivo especial para indígenas e quilombolas

Programa oferece apoio aos futuros estudantes e promove diversidade na comunidade acadêmica

Foto: Jô Folha - DP - Sábado foi dia de apresentação oral dos memoriais descritivos

Por Vitória de Góes
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Aconteceu neste sábado (15), no Campus Capão do Leão da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), a segunda parte do Processo Seletivo Especial para Indígenas e Quilombolas. A oportunidade, que é aberta anualmente desde 2015, recebeu mais de 200 inscrições e o resultado deve ser anunciado nas próximas semanas.

Para esse processo as inscrições são gratuitas e a universidade costuma receber candidatos de todo o País. Diante disso, são oferecidos alguns suportes aos candidatos, como hospedagem e alimentação. Mesmo assim, houve uma taxa de abstenção alta já que muitos não conseguiram arcar com os custos do deslocamento até o município. De 210 inscritos, cerca de 60 compareceram para as provas.

A seleção é dividida em duas partes. A primeira ocorreu na sexta (14) à noite, na qual os candidatos tiveram que produzir uma redação de um memorial descritivo falando sobre suas vivências na comunidade e a como a formação escolhida pode contribuir para seu local de origem. A segunda, que aconteceu na tarde deste sábado, foi a defesa do memorial diante de uma banca composta por servidores da UFPel ligados à área de diversidade e inclusão.

No total são oferecidas 10 vagas para candidatos de comunidades indígenas e outras 10 para remanescentes de quilombos, cada tem o seu próprio edital. Os cursos disponibilizados são escolhidos após um processo de diálogo entre coordenações acadêmicas e lideranças dessas comunidades, que por sua vez relatam as suas maiores necessidades, já que muitos acadêmicos acabam retornando para os locais de origem para aplicar a profissão.

Diego Vieira Dias é um exemplo disso, ele pertence à comunidade quilombola de Casca, localizada no município de Mostardas, e deseja cursar Agronomia para auxiliar no desenvolvimento econômico local. “Nós temos muitas terras, queremos plantar e produzir, mas ainda não há conhecimento para uma grande produção, quero ajudar nisso”, explica. Ele também espera inspirar os jovens a buscarem a universidade. “Quero incentivar os outros, sinto que às vezes alguns deles acham que não são capacitados, mas quero mostrar que a gente consegue sim”.

Simone Pituva foi aprovada em 2022 e agora está apoiando Diego Vieira e outros amigos da mesma comunidade quilombola a tentarem uma vaga na UFPelFoto: Jô Folha - DP


Acompanhamento e permanência

Não basta dar oportunidade para o ingresso na instituição, é necessário também garantir a permanência dos acadêmicos. Dessa forma, assim que sai o resultado, os aprovados são contactados pela UFPel para falar sobre as suas necessidades ao mudar para o município.

“Por recebermos 20 estudantes por ano através desse processo, também fica mais fácil acompanhar eles durante esse tempo na universidade e oferecer um suporte maior. Temos a casa do estudante voltada para essas comunidades, eles ainda têm direito ao auxílio integral para os serviços do restaurante universitário e recebem bolsa para ajudar em outros custos e garantir a permanência na universidade”, explica a Coordenadora de Diversidade e Inclusão (CODIn) Airi Sacco.

O atendimento possibilita histórias como a de Simone Pituva, que em 2022 foi aprovada para cursar Enfermagem. Ela não veio sozinha, o marido também passou para Direito e o filho mais velho do casal aprovou em Administração, eles pertencem à comunidade quilombola de Casca, em Mostardas. “O Robson (filho mais velho) sempre quis vir fazer faculdade em Pelotas e quando viu o edital enxergou como uma oportunidade e também inscreveu todos nós, nunca imaginei que conseguiríamos juntos”, relata. A família ainda trouxe o filho mais novo, de 15 anos, e atualmente todos residem na casa do estudante.

Apesar da universidade já prestar esses auxílios, nesta semana foi aprovado junto ao Conselho Coordenador do Ensino, da Pesquisa e da Extensão (Cocepe) o Programa de Permanência às Comunidades Indígenas e Quilombolas, que institucionaliza e possibilita um maior acompanhamento de todo o processo. A coordenadoria de Diversidade e Inclusão comemora a conquista.


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